Vivemos na era da informação não por acaso. A informação hoje em dia é algo abundante e está ao alcance de nossas mãos. Várias instituições financeiras colocam à disposição de seus clientes conference call, análises e relatórios elaborados por seus economistas para auxiliar os RPPSs a compreender, de forma crítica, o cenário adverso ao qual temos presenciado para os investimentos neste ano.
Acompanha-se, diariamente, a evolução dos benchmarks, principalmente o do IMA-B, o qual ocupa lugar de destaque, e às vezes até exagerado, na carteira daqueles RPPSs que ainda não começaram um necessário processo de diversificação. A volatilidade se tornou constante em nosso dia-a-dia: palavras antagônicas numa mesma frase, que refletem bem um primeiro semestre que merece ser esquecido, ao menos para os investimentos.
A maior desvalorização dos títulos públicos, desde a crise da marcação a mercado em 2002, o Ibovespa atingindo, em alguns momentos, neste primeiro semestre seu menor nível desde 2008 e o fim do modelo de crescimento baseado em consumo interno deixaram os RPPSs órfãos de um “kit investimento”, que nos ajude a atingir a meta atuarial.
Contudo, mesmo diante de tanta informação, conversando com vários gestores de RPPS das mais diversas cidades e Estados, deparo com a seguinte situação: grande parte não sabe sequer dizer quanto foi a rentabilidade de seu portfólio em comparação com a meta atuarial. Outra parte, quando diz saber, utiliza metodologias “heterodoxas” e “criativas”, que sequer existem na literatura específica.
Tudo isso acontece no vácuo da ausência de uma definição, por parte do Ministério da Previdência Social, que defina a metodologia a ser utilizada. Devemos levar em conta o impacto das aplicações, resgates e realocações no desempenho dos investimentos? Ou ignorar aquilo que acontece na prática? Existe uma diferença entre a rentabilidade do investimento e a rentabilidade da carteira?
Diante disso, de que vale tanta informação, saber de cor a rentabilidade de determinado benchmark, se isso não pode ser comparado com uma informação que é básica: o desempenho da sua carteira de investimentos?
Existe um grande desafio que foi colocado para nós gestores de recursos públicos. O cidadão foi às ruas pedir mais eficiência no trato do dinheiro público. Precisamos, cada um dentro da sua esfera de atuação, dar uma resposta.
- Douglas Barduzzi
- Economista do Instituto de Previdência Municipal de Governador Valadares, delegado do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais, professor universitário de Finanças na faculdade Pitágoras e sócio da consultoria Mensurar Investimentos. mensurarinvestimentos.com.br