Entenda por que consignados e títulos públicos não competem entre si, mas se complementam em uma política de investimentos sustentável
Uma dúvida frequente entre gestores e investidores institucionais é: “Por que alocar em empréstimo consignado se posso investir em um título público que paga IPCA+xx%?”
À primeira vista, parece natural comparar as duas modalidades. No entanto, elas são ativos de naturezas distintas e que não devem ser avaliados sob a mesma ótica.
De acordo com as diretrizes da Resolução CMN nº 4.963, especialmente no artigo 1º, §1º, inciso I, a política de investimentos dos RPPS deve considerar segurança, rentabilidade, solvência, liquidez, motivação, adequação às obrigações e transparência. Isso significa que um portfólio sólido não se sustenta em um único ativo, por mais atrativo que pareça, mas sim na composição de classes descorrelacionadas.
Diversificação: o coração de um portfólio eficiente
Antes de olhar para o consignado, é preciso revisitar o conceito de asset allocation. A alocação entre renda fixa, variável, exterior, imóveis e ativos alternativos é um dos fatores que mais influenciam o desempenho no longo prazo.
Essa visão foi consolidada por Harry Markowitz (1952), em Portfolio Selection, ao demonstrar que a análise de investimentos deve considerar o impacto do ativo no portfólio como um todo, e não isoladamente.
Outro estudo clássico — Determinants of Portfolio Performance (Brinson, Hood e Beebower, 1986) — reforça que:
“Mais de 90% da variabilidade dos retornos de um portfólio é explicada pela política de alocação de ativos.”
A disciplina também é lembrada por John Bogle (1999), fundador da Vanguard:
“O investidor inteligente foca na simplicidade e na disciplina da alocação, e não na busca por retornos extraordinários.”
Esses fundamentos são amplamente aplicados pelos RPPS dentro das exigências de ALM e do programa Pró-Gestão.
Onde o empréstimo consignado se encaixa
Quando visto sob essa perspectiva, o empréstimo consignado deixa de ser um “concorrente” dos títulos IPCA+ e passa a ser um componente estratégico dentro da carteira.
O retorno do consignado possui comportamento descorrelacionado das demais classes típicas dos RPPS, adicionando robustez e equilíbrio ao portfólio — exatamente o que a moderna teoria do portfólio recomenda.
Não se trata de escolher “o melhor ativo”, mas sim de compor classes complementares que reduzam volatilidade e ampliem consistência.
Por que não se deve comparar consignado e IPCA+ como se fossem iguais
Títulos públicos IPCA+
- Pagam inflação + taxa real definida na compra.
- Fluxo previsível com cupons e principal corrigido no vencimento.
- Risco de crédito praticamente nulo.
- Alta volatilidade no curto prazo, pois respondem diretamente às oscilações da curva de juros.
- Possibilidade de perdas se houver necessidade de venda antecipada (ALM, liquidez ou adequação de carteira).
Empréstimo consignado
- Retorno atrelado à taxa contratada no início da operação.
- Principal risco é o de crédito.
- Inadimplência historicamente baixa em carteiras pulverizadas com servidores.
- Baixa volatilidade percebida pelo método de custo amortizado.
- Recebimentos mensais previsíveis.
Enquanto os títulos IPCA+ oscilam diariamente no mercado secundário, o consignado concentra seus riscos na qualidade de crédito — especialmente quando amparado por estrutura operacional robusta, como a da Monettar S/A, referência no segmento.
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Consignado no ALM dos RPPS
Sob a ótica do Asset and Liability Management:
- Títulos IPCA+ protegem contra inflação e oferecem liquidez.
- Consignado fornece fluxo estável, descorrelação e menor sensibilidade a juros e inflação.
Por isso, a comparação não deve ser feita em termos de taxa nominal (“IPCA+6% vs consignado”), mas sim pelo retorno ajustado ao risco.
A Monettar utiliza métricas que consideram:
- perda esperada,
- perda inesperada,
- cenários de estresse
- e capital necessário para absorção de choques.
Quando o spread compensa esses riscos, o consignado se torna um ativo estratégico, capaz de gerar estabilidade e diversificação.
Conclusão: a força está na combinação, e não na competição
Títulos públicos IPCA+ entregam previsibilidade e liquidez, ainda que com volatilidade de preços.
O consignado, por sua vez, oferece estabilidade de fluxo e baixa correlação — desde que operado com gestão qualificada.
Essa complementaridade é o que sustenta portfólios resilientes, com rentabilidade consistente e alinhados às obrigações futuras dos regimes próprios.
Autor

Charllie Camargos
Consultor de Valores Mobiliários — Monettar S/A







