Início » Por que comparar empréstimo consignado a títulos públicos IPCA+ é um erro e como cada classe fortalece o portfólio dos RPPS

Por que comparar empréstimo consignado a títulos públicos IPCA+ é um erro e como cada classe fortalece o portfólio dos RPPS

por Revista RPPS
193 Visualizações

Entenda por que consignados e títulos públicos não competem entre si, mas se complementam em uma política de investimentos sustentável

Uma dúvida frequente entre gestores e investidores institucionais é: “Por que alocar em empréstimo consignado se posso investir em um título público que paga IPCA+xx%?”
À primeira vista, parece natural comparar as duas modalidades. No entanto, elas são ativos de naturezas distintas e que não devem ser avaliados sob a mesma ótica.

De acordo com as diretrizes da Resolução CMN nº 4.963, especialmente no artigo 1º, §1º, inciso I, a política de investimentos dos RPPS deve considerar segurança, rentabilidade, solvência, liquidez, motivação, adequação às obrigações e transparência. Isso significa que um portfólio sólido não se sustenta em um único ativo, por mais atrativo que pareça, mas sim na composição de classes descorrelacionadas.


Diversificação: o coração de um portfólio eficiente

Antes de olhar para o consignado, é preciso revisitar o conceito de asset allocation. A alocação entre renda fixa, variável, exterior, imóveis e ativos alternativos é um dos fatores que mais influenciam o desempenho no longo prazo.

Essa visão foi consolidada por Harry Markowitz (1952), em Portfolio Selection, ao demonstrar que a análise de investimentos deve considerar o impacto do ativo no portfólio como um todo, e não isoladamente.

Outro estudo clássico — Determinants of Portfolio Performance (Brinson, Hood e Beebower, 1986) — reforça que:

“Mais de 90% da variabilidade dos retornos de um portfólio é explicada pela política de alocação de ativos.”

A disciplina também é lembrada por John Bogle (1999), fundador da Vanguard:

“O investidor inteligente foca na simplicidade e na disciplina da alocação, e não na busca por retornos extraordinários.”

Esses fundamentos são amplamente aplicados pelos RPPS dentro das exigências de ALM e do programa Pró-Gestão.


Onde o empréstimo consignado se encaixa

Quando visto sob essa perspectiva, o empréstimo consignado deixa de ser um “concorrente” dos títulos IPCA+ e passa a ser um componente estratégico dentro da carteira.
O retorno do consignado possui comportamento descorrelacionado das demais classes típicas dos RPPS, adicionando robustez e equilíbrio ao portfólio — exatamente o que a moderna teoria do portfólio recomenda.

Não se trata de escolher “o melhor ativo”, mas sim de compor classes complementares que reduzam volatilidade e ampliem consistência.


Por que não se deve comparar consignado e IPCA+ como se fossem iguais

Títulos públicos IPCA+

  • Pagam inflação + taxa real definida na compra.
  • Fluxo previsível com cupons e principal corrigido no vencimento.
  • Risco de crédito praticamente nulo.
  • Alta volatilidade no curto prazo, pois respondem diretamente às oscilações da curva de juros.
  • Possibilidade de perdas se houver necessidade de venda antecipada (ALM, liquidez ou adequação de carteira).

Empréstimo consignado

  • Retorno atrelado à taxa contratada no início da operação.
  • Principal risco é o de crédito.
  • Inadimplência historicamente baixa em carteiras pulverizadas com servidores.
  • Baixa volatilidade percebida pelo método de custo amortizado.
  • Recebimentos mensais previsíveis.

Enquanto os títulos IPCA+ oscilam diariamente no mercado secundário, o consignado concentra seus riscos na qualidade de crédito — especialmente quando amparado por estrutura operacional robusta, como a da Monettar S/A, referência no segmento.

👉 Acesse: monettar.com.br


Consignado no ALM dos RPPS

Sob a ótica do Asset and Liability Management:

  • Títulos IPCA+ protegem contra inflação e oferecem liquidez.
  • Consignado fornece fluxo estável, descorrelação e menor sensibilidade a juros e inflação.

Por isso, a comparação não deve ser feita em termos de taxa nominal (“IPCA+6% vs consignado”), mas sim pelo retorno ajustado ao risco.

A Monettar utiliza métricas que consideram:

  • perda esperada,
  • perda inesperada,
  • cenários de estresse
  • e capital necessário para absorção de choques.

Quando o spread compensa esses riscos, o consignado se torna um ativo estratégico, capaz de gerar estabilidade e diversificação.


Conclusão: a força está na combinação, e não na competição

Títulos públicos IPCA+ entregam previsibilidade e liquidez, ainda que com volatilidade de preços.
O consignado, por sua vez, oferece estabilidade de fluxo e baixa correlação — desde que operado com gestão qualificada.

Essa complementaridade é o que sustenta portfólios resilientes, com rentabilidade consistente e alinhados às obrigações futuras dos regimes próprios.


Autor

Charllie Camargos
Consultor de Valores Mobiliários — Monettar S/A

Veja mais