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Brasil Plural, um amigo do segmento RPPS

por Revista RPPS
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O banco carioca Brasil Plural também está há pouco tempo atuando na recuperação de ativos. Segundo o diretor da empresa, Humberto Tupinambá, há cerca de quatro anos, quando teve oportunidade de olhar a carteira de crédito do BVA, que na época estava em intervenção, foi feita uma diligência sobre os recebíveis, e logo veio o convite de um fundo de pensão que tinha quotas de FIDCS no BVA para o banco participar do processo de troca de gestor. “Ganhamos por termos feito o estudo da carteira a priori, esse fato tornou mais eficiente o trabalho dentro dos fundos. Foi bom para nós, pois enxergamos um mercado que viria a surgir, a questão dos fundos estressados, principalmente a recuperação de créditos problemáticos. Daí começamos com uma equipe do banco de crédito e foi iniciado o movimento de cobrança dos fundos, estamos no mercado crescendo na área. Na época, os FIDCS que absorvemos representavam 180 milhões de reais, entendíamos que existia percentual de êxito na recuperação, já que alguns ativos tinham garantia imobiliária, outros não, alguns tinham falha na confecção das garantias. Daí, fizemos um trabalho para padronizar essas garantias, constituir as garantias de forma correta, e quase na totalidade foram brigas judiciais grandes para corrigir falhas existentes no âmbito do antigo gestor”, explica Tupinambá.
Atualmente, o Brasil Plural faz a gestão de 18 fundos de crédito, perfazendo 6 bilhões de reais em crédito com potencial de recuperação, na sua totalidade em ações judiciais nos ativos que compõem os fundos. “Mais importante que a recuperação em si, que depende de trâmite na justiça, é reconhecer a possibilidade de gerar ações de responsabilidade sob os gestores que fizeram errado, ou os personagens que por ventura tenham falhado nos processos de confecção desses ativos disponibilizados às fundações e ao RPPS. O grande segredo desse trabalho é entender a execução desses processos para obter o retorno do recurso assim que a justiça determinar, e também diagnosticar as falhas e gerar as responsabilidades sobre os culpados desses prejuízos significativos em vários institutos e fundações”.
E a dedicação da equipe Brasil Plural em apoiar o mercado de ativos estressados fez com que a empresa se tornasse um player de importância para o país. “Nossa ambição é gerar transparência dos dados para os clientes, temos uma gestora que possui produtos que são investidos por grandes fundos de pensão e RPPS, e quando percebemos, após ouvir diversas reclamações que os investimentos prometidos pelos gestores não corresponderam com a transparência e o retorno esperado, entendemos que existia uma necessidade urgente de tornar transparente o processo que era uma “caixa preta”. Era muito comum os responsáveis pelo RPPS e ou fundações solicitarem ao gestor, mal intencionado, que mostrasse os ativos que existiam dentro dos fundos, ele não fazia ou até mesmo colocava informações erradas. Isso dificultou muito e nos levou a abrir as “caixas pretas” trazendo mais transparência e possibilitando que todos possam enxergar através dos relatórios, que são procedimentos padrões adotados pela companhia para manter atualizados os cotistas sobre como estão os processos quanto a questões de responsabilidade, indenização, execução dos ativos, para que eles possam sempre levar aos órgãos reguladores as informações mais claras”.
O diretor também compartilha do sentimento de que a fiscalização mais efetiva por parte dos órgãos reguladores traz mais segurança ao mercado. “O grande desafio está na questão de os fiscalizadores entenderem se os gestores possuem ou não capacidade de fazer o trabalho, se tem algum selo de qualidade que permita que eles possam fazê-lo da melhor forma, talvez uma regra um pouco mais rígida sobre essa questão possa trazer uma maior qualidade de gestores para dentro do processo. Tentamos fazer junto com a ABRAPP esse alinhamento de regras para aumentar a segurança no mercado. Muitas vezes o gestor consegue a certificação, mas na prática não tem capacidade técnica de fazer o trabalho ou não tem investimento suficiente dentro de suas empresas. Para gerir um fundo de crédito não é simplesmente pensar vou lá e vou fazer, é preciso ter uma gama de especializações dentro da companhia gestora, e exige muita mão de obra especializada, por exemplo, é preciso ter um departamento de análise de crédito, departamento de compliance para olhar os ativos que serão comprados, tem que haver um corpo jurídico para conversar com os escritórios de fora, gestores ou funcionários com experiência comprovada em áreas como imobiliário e crédito, enfim existem determinados segmentos e especializações que são fundamentais para fazer um trabalho razoável. E muitos desses gestores que falharam nos processos tinham três ou quatro funcionários no máximo, e aí não tem como fazer um bom trabalho, as falhas se não forem propositais por natureza vão acabar ocorrendo por acidente”.
Indagado sobre como acontece o processo de troca de gestão de um fundo, o diretor explica que se existe falha no fundo, falta de transparência, por exemplo, o cotista entende que precisa trocar o gestor e inicia então a movimentação para efetivar a mudança. “O cliente pode criar o processo de seleção, analisando e escolhendo o melhor trabalho e o melhor custo x benefício”. E sobre o alinhamento do administrador, Tupinambá afirma ser de grande importância. “Quando se está com um gestor que não tem a intenção de mostrar os problemas e o administrador que deveria ser a chave de segurança do processo não consegue enxergar a realidade, os prejuízos serão enormes. Se o gestor mostrar a realidade, o administrador não tem outra maneira a não ser se obrigar a avaliar e precificar, e isso traz uma realidade para o cenário, que é fundamental até para buscar um processo de responsabilidade sobre os prejuízos, já que uma hora vai estourar. O que fazemos é deixar claro que pode ser colocado um processo de responsabilidade imediato sobre aquele problema, e muitas vezes antecipamos a questão, pois quanto mais cedo se descobre o problema, mais rápido ocorre a recuperação. A dor no final tende a ser menor”, alerta.
Em relação às fraudes mais comuns encontradas pela equipe Brasil Plural em ativos, o diretor esclarece que “existem dois tipos de fundos, o crédito que é mal dado, não importa se propositalmente ou por não ter competência para ser dado de forma correta, e o concedido para uma pessoa errada. E por que deu para pessoa errada? Talvez por não ter alguém capaz de analisar de forma correta. Como disse, os gestores se quer têm gente suficiente para analisar o crédito, quanto mais capacidade e experiência para dizer ‘olha, dá para eu emprestar para essa empresa tantos milhões, e não muitos milhões’. Vimos muitas empresas que não tinham patrimônio ter dezenas de milhares de reais liberados pelos fundos, quantia que jamais seria conseguida em bancos. O crédito pode ter o perfil para fundos que os RPPSs e os fundos de pensão investem, mas também pode ter o lado da fraude, da má intenção, que é criar um fundo para gerar uma fraude, gerar créditos fantasmas ou créditos ligados a entidades que não existem. Enfim, já vimos de tudo, mas todos foram devidamente diagnosticados e hoje há ações de responsabilidade e de execução nos tribunais principalmente do eixo Rio/São Paulo”.
Dentro da rotina do Brasil Plural, além de muito trabalho, embates jurídicos referentes à recuperação de ativos. Tupinambá afirma que o mais emblemático é o fundo FIDC TRENDBANK, um grande hospedeiro de títulos que não existiam. Em sua maioria foram criados papeis e ninguém sabia disso até a identificação dos problemas como já foi amplamente noticiado na mídia. “Hoje é público em função de ter passado pela grande devassa na CPI dos fundos de pensão, dentro da operação Greenfield. Atualmente, existem ações de responsabilidade visando indenização dos cotistas, está na fase pericial, caminhando para conclusão e acreditamos e torcemos para que seja benéfico para os cotistas”, destaca o diretor ao lamentar a morosidade da justiça nos processos, que acabam demorando anos para serem concluídos. O Brasil Plural tem casos que estão há três anos em embates jurídicos.
Nesse contexto de buscar a melhoria da gestão dos ativos, a Brasil Plural vê com bons olhos a movimentação positiva no mercado de RPPS. “Temos visto que os RPPSs têm trocado as equipes que geram prejuízo com investimentos mal realizados, e as equipes novas têm se mostrado absolutamente íntegras no modelo de fazer o correto. Apesar de entendermos que os RPPSs sofram com gestores que são indicações políticas em muitas localidades, surpreendentemente as notícias são boas. É cada vez maior o número de regime próprio nos procurando, querendo que assumamos a gestão de fundos que até então, ninguém queria mexer. E eventualmente, em assembleias, perdemos um ou outro embate, porque existem forças contrárias a essa limpeza em fundos antigos, mas predominantemente a maior parte tem conseguido a troca de gestores, tem feito o dever de casa. E isso tem sido conquistado com trabalho sério. O que temos visto nos últimos meses, considero uma evolução nessa indústria que tem tudo para ser extremamente interessante, rentável para os aposentados, pensionista e funcionários públicos. Não podemos mais ver petroleiro pagando, ou carteiro pagando pelos rombos que aconteciam no passado. Sabemos que é possível, sinal dessa mudança, a reboque de todos esses processos que a Lava Jato e a Greenfield trouxeram, tudo isso veio ser um divisor de águas no mercado de RPPS. Temos, na nossa carteira de recuperação de créditos, 54 RPPSs entre municípios, estados e dezenas de fundações”.
O diretor orienta o gestor de RPPS, na área de investimento, ao assumir o trabalho, que estude a carteira, veja a composição dos fundos, se são de renda fixa e envolvem FIDCS ou FIPS, que tenha as informações gerais, relatórios, contato com o gestor, e caso isso não seja possível, bem provável que tenha algum problema. Nesse caso, o gestor do RPPS deve aproveitar a assembleia para buscar informações e se mesmo assim não conseguir, é o caso de pensar na troca do gestor. E a escolha do gestor do fundo deve ser feita baseada na análise da capacidade de gerar a transparência necessária para que o prefeito ou governador, por exemplo, tenha a realidade desenhada e busque mobilizar outros cotistas para fazer a troca da gestão do fundo. “Somente a maioria de uma assembleia de cotistas consegue essa transformação. Sozinho não é possível, os RPPSs precisam unir forças, é o efeito cascata, precisamos trazer mais gente para esse movimento”.
O diretor orienta ainda o responsável pela área de investimentos no regime próprio que descobre um problema, mas que por algum motivo não denuncia, não traz a tona a questão, que faça uma ata informando a situação, pois se perceber que há algo de errado na carteira e não faz nada para mudar o cenário, é como se desse o aval a antiga gestão que fez o investimento e traz para o seu CPF a responsabilidade, assumindo uma culpa indevidamente.
A carioca Brasil Plural comemora o sucesso da luta. Embora não fale em percentual de ativos recuperados, celebra as ações de responsabilidade e indenização sobre os culpados pelas fraudes nos fundos e afirma que esse é um caminho sem volta. “Temos as operações que investigam o segmento como a Greenfield e Lava Jato, e criaram uma nova dinâmica na maneira como os próprios políticos estão olhando seus fundos de previdência. Como foi o caso do Tocantins/TO, onde foi feita uma sindicância e essa transparência mostrou o rombo. E é isso que vemos como caminho para todos os RPPSs, para todos os investidores institucionais”.
Tupinambá só lamenta o fato de grandes bancos, por exemplo, não estarem engajados nesse propósito. “Tem poucas casas que fazem isso, porque é algo que demanda um custo alto, tem que haver várias pessoas envolvidas, grupos econômicos e financeiros que sustentam o início da operação, para que o trabalho seja bem feito, e nem todo mundo tem isso. Brasil Plural não compra créditos estressados, acreditamos em exaurir a recuperação. Vender crédito estressado dos institutos é passar para alguém que comprou um lucro que deve ser do Instituto, somos radicalmente contra. Nosso objetivo é que nosso cliente minimize perdas e aprenda com o processo”.

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